Quando a gente faz alguma coisa porque ama, fica com medo de estragar envolvendo
dinheiro. Esse é o nosso primeiro erro. O valor monetário é um símbolo, e o que
ele representa depende muito de nós. Você deve conhecer pessoas que fazem
coisas incríveis e que estão sempre precisando de uma graninha, mas quando você
fala em monetizar aquela atividade, elas até se ofendem.
Eu não sei se foi porque nasci em uma família de
empreendedores, mas a maioria dos meus hobbies sempre esbarraram em alguma
forma de ganho. Houveram vezes que sim, eu achava um saco que quando eu achava
alguma coisa que gostava de fazer (fora a dança e o teatro) logo aparecia um
investidor interessado em ganhar em cima. E como eu não tinha maturidade suficiente
acabava matando a minha paixonite pela atividade.
Só que com o tempo eu aprendi que as coisas que fazemos fora
do horário de trabalho são parte de nós, e que se produzimos em excedente
podemos e devemos fazê-las circular. O dinheiro, a monetização, são energias de
circulação. A moeda que representa o ouro foi feita para circular. E se você produziu,
nada mais justo de fazer com aquilo o que bem entender.
De uns anos para cá fui afunilando meus interesses ao redor
do desenvolvimento humano, entendendo que essa era a minha praia. E como bom praieiro,
resolvi me aventurar por diversas trilhas dessa área. Assim, fui encontrando
hobbies que complementavam meu conhecimento, ajudavam na minha concentração e
autoconhecimento, e aos poucos encontrando mecanismos de unificação. Sabe aquela
frase “encontre uma coisa que ame fazer e não precisará trabalhar um dia se
quer”? Ela é verdadeira se você trabalhar para se manter amando o que faz.
Toda atividade tem seu lado bom e ruim. Quando eu lido com
os produtos artesanais de bem estar, é uma delícia o aroma, criar as combinações,
receber os feedbacks dos clientes que provaram, só que envasar é um saco. Só
que se eu não envasar, não posso disponibilizar. Por isso sempre coloco uma
música bacana e transformo o máximo desse momento.
E daí você vai perguntar: “Se o hobby virar profissão, vou
precisar de outro hobby?”. Provavelmente. Caso você faça como eu faço, talvez
não precise. Trabalho com safras, logo elas são resultado dos momentos em que
eu estou com vontade de fazer. Assim funciona com as bandeirolas, com a
costura, com o a pintura corporal, encontraram meu trabalho, mas não deixaram
de ser um hobby.
A maioria das pessoas não consegue encontrar um hobby que
encontre as suas profissões, pois logo que os primeiros stresses das suas
carreiras começam buscam logo algo que seja o extremo oposto. Muitas vezes
porque já buscaram uma carreira que não lhes era natural.
Toda a vez que você começa por aquilo que gosta de fazer e
faz bem, e que essa é sua área de interesse (gosto de estudar, pesquisar, saber
mais e entender), o que vai despertar interesse no dia a dia será algo
relacionado. E claro, você pode relacionar as coisas sempre. Você pode usar a
temática, usar os materiais, usar as histórias e transformar no seu hobby.
Quando vivemos uma verdade mais focada em todas as áreas de
nossa vida, a profissão sempre encontrará o hobby e o hobby sempre encontrará a
profissão.