Todos os anos nessa época eu redescubro quem sou. Paro para pensar
no que me constitui, minhas fraquezas minhas forças.
Só que não foi sempre assim. Até uns 17/18 anos a vida nesse
período era preocupar-se em arrumar a casa, fazer a lista de convidados, o que
seria servido, como seriam as músicas, teria reunião dançante, quem viria, quem
ficaria com quem, como seria, “só o pessoal do ctg?”, “só os amigos da escola”,
“e se fossem todos juntos”, “iria ser legal”, “seria divertido”, “todos iriam
se divertir”. Pois bem, isso terminou quando eu tive a feliz ideia de fazer uma
comemoração sem me preocupar em convidar ninguém. Isso mesmo! Uma daquelas
ideias brilhantes que só eu tenho, e só vão se mostrar eficazes muito tempo depois...
Conclusão: Ninguém apareceu. E eu, como bom aprendiz de
gente, passei a quase ter certeza do que já achava “as pessoas não gostam de
mim”. E de lá para cá sempre foi um “tá chegando maio” respondido por um “tô
entrando em crise”. E aí começavam as reflexões, as definições, os reajustes,
as promessas e mais aquele arsenal de coisas que as pessoas “normais” fazem no
ano novo.
Isso seria catastrófico se eu fosse um pouco mais paranoico,
mas sou só um pouquinho. E, graças a Deus e a Deusa, eu aprendo rápido. Cada
ano um pequeno salto quântico. Até que no ano passado eu me dei conta do poder
que essa data tem. De verdade! Eu já sabia que ela poderosa, que nos fazia
refletir, era uma mistura de nascimento do natal com ressurreição da Páscoa. Só
que quando me dei conta, me lembrei da mais especial das festas que fiz.
Isso mesmo, depois de não convidar ninguém, nos anos
seguintes fui testando modelos. Cada ano uma sistemática diferente. Contudo,
teve um ano que foi especial, fiz uma festa do jeito que eu queria, e isso veio
escrito no convite era quase como “você
está convidado para meu aniversário e como é meu aniversário a festa será do
meu jeito”. E não é que funcionou?
Mas a vida passa, maio vira junho, e a gente esquece desses
detalhes. O ano virou e eu voltei a fazer festa para os outros me amarem, e não
para eu sentir o amor deles. Eita que nós, não é não?
Só que como disse, me dei conta do poder que esse momento
tem, e no ano passado resolvi repetir o “vai ser do meu jeito”, mas com um
outro pensamento: “vou fazer um ritual de aniversário”, “será uma celebração
mágica”, e foi! Com direito a feitiços, pedidos, simpatias, tudo muito divertido
e feliz. E quando veio junho, junho, agosto, setembro... a mágica continuou. O
espirito da magia estava finalmente vivo em mim.
Por isso, neste ano quero fazer um ritual diferente. Nos
próximos dias, vou a cada momento contar uma parte de mim, deixar registrado
nos logs do mundo cada uma das coisas que me compõe. Quem sabe, dessa forma, compartilhando
amor, eu não precise me esforçar tanto para ser amado!