Ao falar de autoexpressão, essa capacidade só nossa de nos colocarmos em nossas criações, gestos e falas, precisamos entender o significado. Em definição a autoexpressão é a manifestação do pensamento e da vontade da própria pessoa. E o que isso realmente significa?
Por várias vezes, eu, assim como você já deve ter passado por isso, entrei em uma conversa e num diálogo com um ponto de vista que não consegui demonstrar e também já passei por situações em que apenas repeti as falas da sociedade para não me incomodar. Pois é, nessa relação conforto x desconforto, vamos aprendendo a calar as vozes da autoexpressão e nos adaptamos à pressão social. Quando calamos definitivamente essas vozes, não reconhecemos mais nossa própria essência, e isso é bastante ruim.
Olhe para si, se pergunte, quem é você? As pessoas dirão que pelos seus atos, gestos, falas lhe reconhecem, e que sabem exatamente quem você é!? Verdade? Pode ser que não. Como nos acostumamos, em certo grau, a repetir e a transformar o eu no “eu social” acabamos por abafar nosso eu verdadeiro e não o colocamos em nossas falas e ações, logo o que as pessoas conhecem é o ser que aprendemos a ser, não o ser que somos. Parece complexo? Muito desafiador? Mas não é tanto assim.
Freud, o pai da psicanálise, foi sempre um defensor de que temos mecanismos internos que quando excitados pelo externo respondem, o que chamou de pulsões. Não quero entrar no detalhe teórico neste texto, nem te conduzir ao divã. Contudo, quero que faça a seguinte reflexão: Já houve ao longo do seu crescimento um momento em que você disse uma coisa, mas queria outra? E nesse mesmo momento, algumas pessoas perceberam isso, e você ficou bravo com elas? Se a resposta for sim, você já passou por uma cegueira de autoconhecimento, e não pôde se autoexpressar corretamente.
Saiba que mesmo que você não tenha intensão de se autoexpressar, mesmo que a suas palavras sejam escolhidas corretamente para defender a sua ideia, se ela não for genuína, seu corpo dará sinais contrários aquilo que você está falando ou fazendo. Às vezes somente de forma a demonstrar a incoerência do gesto, às vezes somatizando e criando doenças. Como a enxaqueca por exemplo, ela é um bom caso de doença da autoexpressão, em que o indivíduo passa a, por receber pressão externa, adotar comportamentos e atitudes que não são genuinamente seus, são impostos pelos sistemas sociais ou por outras pessoas próximas.
A gente só passa a entender de forma profunda a autoexpressão quando começa a se autoconhecer. A entender e compreender nossos muitos tons de voz, a perceber os movimentos de nossas mãos, a observar as posturas de nosso corpo, mas principalmente compreender os conjuntos internos de crenças e construções psíquicas no nosso consciente e inconsciente. Este último principalmente, pois muitas vezes iremos achar que estamos nos autoexpressando e nosso corpo irá nos denunciar o contrário, justamente por nossa essência estar muito mais presente no escuro de nossa mente, do que no claro do milésimo de instante do consciente.
Pode ter parecido papo de louco, mas espero que tenha despertado seu interesse pela autoexpressão. Essa é uma jornada que tem apenas começo, sem fim, afinal de contas, depois que você é tocado pela sensação de se ver por inteiro, irá querer repetir mais e mais vezes, e cada uma delas te mostrará um novo e completo eu, pronto para ser conhecido e mostrado ao mundo.